Dia Mundial da Filosofia

No passado dia 15 de novembro, celebrou-se o Dia Mundial da Filosofia, que ocorre sempre na terceira quinta-feira deste mesmo mês.

Sendo a Filosofia uma disciplina que procura o verdadeiro conhecimento, despoleta o espírito crítico e autónomo, a celebração desta data não podia passar incólume.

Assim, o nosso Colégio contou com algumas iniciativas.

A primeira delas consistia num mural filosófico, composto por imagens que fossem mostra do que é a filosofia para cada aluno da disciplina. A cada um coube o desafio de contribuir com uma imagem criativa e que demonstrasse individualmente o que era para eles esta área do saber.

O resultado foi a figuração da pluralidade e diversidade de pensamento e posições que pautam a disciplina. Quando o mural foi exposto, cada aluno mostrava orgulhosamente qual tinha sido a sua opção, justificando-se e tentando também compreender as dos restantes.

 No entanto, a comemoração deste dia, instituído desde 2005 pela UNESCO, não se ficou por aqui. Até porque à quinta-feira é também dia de Filosofia para Crianças, então nada melhor do que incluir os mais pequenos nesta festa.

O trabalho com os meninos desta atividade extracurricular começou uma semana antes, com uma sessão onde tinham por tarefa distinguir perguntas “tontas” de perguntas “não tontas”. Com todos os contributos, os mais pequenos chegaram à conclusão de que existiam perguntas que não são tontas: aquelas que interessam a toda a gente, são pertinentes e falam de coisas sérias. Posto isto, o desafio era o de criar perguntas “não tontas”, que não se soubesse a resposta mas que se quisesse muito saber. Essas perguntas iriam ser entregues aos “meninos grandes” para eles tentarem responder. No entanto, um projeto que iria apenas decorrer como “ Correspondência Filosófica” (troca de perguntas e respostas entre uns e outros), tornou-se algo mais, dado que os pequenos filósofos logo perguntaram se os meninos que lhes fossem responder o iriam fazer presencialmente. E assim foi.

Mas não sem antes os mais pequenos pensarem em questões filosóficas, tais como “Por que razão o universo é infinito?” “Por que existem planetas?” “Porque é que Jesus é importante?” “Por que motivo existirem cores?” “Porque é que existe Portugal?” “Porque é que existem horas?” “Porque é que as crianças têm que ir à escola?”. Todas as questões resultantes provieram destas pequenas mentes brilhantes.

As questões foram entregues a alguns alunos do 11.º ano, que aceitaram o desafio de responder aos pequenos curiosos.

Chegados ao dia 15 de novembro, encontraram-se as grandes mentes. Foi uma sessão de Filosofia para Crianças diferente, onde os mais velhos vinham para responder às questões dos mais novos, mas no entanto, foram eles os mais surpreendidos.

Aquando da resposta à pergunta “Porque é que as crianças têm que ir às aulas?”, quando um aluno do 11.º ano respondia que é um dever e também um direito, pois permite-nos ganhar bagagem para um dia realizarmos os nossos sonhos, eis que uma pequena grande mente pergunta “Então por que é que antes as crianças não precisavam de ir à escola?”. Como se não bastasse, e não contentes com as respostas dadas, eis que um dos mais pequenos se sai com a seguinte questão: “Se é assim, porque é que o Presidente do Brasil continua a achar que as mulheres não devem ir à escola?”

(A expressão dos mais velhos, neste momento, deveria ter sido filmada, surpresos não só por os mais pequenos saberem quem é Bolsonaro, mas também pela acuidade da pergunta).

Tendo sido esta sessão tão enriquecedora e de modo a louvar o empenho de ambas as partes, tínhamos que mostrar isto à restante comunidade escolar. Neste sentido foram expostas algumas das perguntas feitas pelos meninos do 1.º ciclo e respetivas respostas dadas pelos alunos de Filosofia do 11.º ano.

 E assim foi o culminar da celebração de uma área que nos lembra o dever de uma permanente abertura ao diálogo, questionamento, à luta contra a passividade de aceitarmos tudo acriticamente e nos mantermos sempre atentos à realidade.

Com certeza que receberão mais notícias nossas, pois estes encontros entre “grandes” e “pequenos” foi deveras tão gratificante que perdurará.


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