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Jornal o São Teotónio nº 139

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Natal é também acreditar na pessoa humana, em nós

EDITORIAL Nesta quadra festiva, tão apreciada por todos nós, registo algumas notas, fazendo eco das palavras do Papa Francisco na noite de Natal que nos desafiava a contemplar o Menino Jesus recém-nascido e reclinado numa manjedoura; assim nos questionava: “Como acolhemos a ternura de Deus? Deixo-me alcançar por Ele, deixo-me abraçar, ou impeço-O de aproximar-Se? […] A coisa mais importante não é procurá-Lo, mas deixar que seja Ele a procurar-me, a encontrar-me e a cobrir-me amorosamente das suas carícias. Esta é a pergunta que o Menino nos coloca com a sua mera presença: permito a Deus que me queira bem? […] Temos a coragem de acolher, com ternura, as situações difíceis e os problemas de quem vive ao nosso lado, ou preferimos as soluções impessoais, talvez eficientes mas desprovidas do calor do Evangelho? Quão grande é a necessidade que o mundo tem hoje de ternura! Paciência de Deus, proximidade de Deus, ternura de Deus.”

A nossa fé cristã tem plena expressão neste deixar-se envolver pelo Amor de Deus e pela sua ternura, neste mistério duma opção que passa por se fazer pessoa humana e habitar no meio de nós. Assim quis tamanha proximidade e cumplicidade com a nossa vida de todos os dias.

Este abandono nas mãos de Deus faz-nos confiantes. Ele está em nós, por isso acreditamos na pessoa humana que é capaz de realizar maravilhas no mundo, como reflexo dessa Luz que em nós brilha. Apesar das muitas fragilidades experimentadas pelo ser humano, cujo egoísmo não conhece, tantas vezes, limites, vale a pena fixarmo-nos nas possibilidades a que é chamado; por isso vamos à gruta de Belém.

Vale a pena acreditar nesta sociedade, em que Deus nos chama a realizar a nossa existência. É espaço de encontro, de acolhimento, onde todos devem ter lugar. A ternura de Deus humaniza-nos, focalizando-nos no que é importante para a construção do bem de todos, o bem comum. Muitos exemplos estão aí, infelizmente, a ilustrar quanto se opõe a esta visão evangélica. Ainda assim, é possível fazer diferente e melhor.

Vale a pena acreditar na família como o ambiente humano e cristão em que nasce e se desenvolve a vida, onde se respira esse amor mais autêntico, essa ternura mais genuína. Com modelos sucessivos e alternativos na sociedade contemporânea, olhemos a família de Nazaré… Sem nada, tem tudo, o Tudo de Deus. E isso basta.

Vale pois a pena comprometermo-nos, como pessoas pertença duma família, a nossa. Duma outra família a que também pertencemos pelo batismo, a Igreja, necessitada do nosso testemunho corajoso. Vale a pena comprometermo-nos com as nossas tarefas, como alunos ou como educadores. Vale a pena comprometermo-nos com o nosso desempenho profissional, verdadeira partilha de nós, das nossas competências e capacidades para os outros. Enfim, vale a pena acreditar em cada pessoa, epifania do Deus Menino no nosso tempo.

Feliz Natal e excelente ano novo.

25 de dezembro de 2014

O Diretor