Não direi o mesmo quando se trata de informar a Diocese sobre a vida do Colégio de São Teotónio, assunto que interessa por se tratar da única escola diocesana e da obrigação que tenho de a tornar conhecida e querida junto dos diocesanos. Neste domínio, confesso o meu pecado, não obstante, por estratégia, me preocupar mais com a casa por dentro do que por fora.
Aproveito o facto de terem sido publicados os rankings das escolas para deixar algumas reflexões e informações que permitirão conhecer um pouco mais do vem acontecendo no nosso Colégio.
Desde 2001 que são publicados, em Portugal, os resultados dos exames do Ensino Secundário, pelo Ministério da Educação. Mais tarde surgiram também os resultados do Ensino Básico. Anualmente, os meios de comunicação social interpretam esses dados e publicam os rankings de escolas, de forma nem sempre criteriosa, diga-se.
Com méritos e fragilidades, efeitos positivos e perversos, o certo é ninguém fica indiferente a essas publicações e, para os interessados, um passar os olhos pela informação é imperativo. Reconhecemos que avaliar uma escola é muitíssimo mais que isto e cumprir os objectivos impostos ao sistema educativo não se reduz a uma listagem de resultados de exame, sendo muitas as variáveis que se deverão considerar para conclusões mais sérias, nomeadamente o número de alunos que efectivamente concluem o percurso escolar, quantidade de matrículas anuladas, desvios entre avaliação interna e externa, entre muitos outros e para só referir aspectos que se relacionam com os exames. Isto ficará para os estudiosos das ciências da educação, não para descreverem os fenómenos mas para fornecerem dados que permitam uma melhoria, de que o País bem precisa.
Passemos em revista alguns desses dados publicados nos meios de comunicação social: para um universo nacional de 1295 escolas, no Ensino Básico, o “Público” coloca o Colégio em 56 º ou 77º lugar, dependendo do número de provas que se considere, enquanto o “Diário de Notícias” lhe atribui o 82º lugar, que corresponde ao ser a 4ª melhor escola do Distrito de Coimbra, com 62 escolas, segundo o “Correio da Manhã”; já no Ensino Secundário, para um universo de 599 escolas, o Colégio ocupa o 32º no “Diário de Notícias” e na “TSF”, o 33º no “Correio da Manhã” e o 35º ou 30º, dependendo do número de provas que se considere, no “Público”, que também coloca o Colégio entre as 30 melhores escolas privadas do País, com 113 escolas e a 2ª melhor do Distrito de Coimbra; segundo este mesmo jornal, o Colégio obteve a 3ª melhor média nacional a “Física e Química” e a 10ª a “Matemática”.
É, pois, com enorme satisfação e um misto de orgulho e compromisso que lemos estes dados. Desde 2003, integro e lidero esta grande equipa de professores e funcionários (mais de 150) que constrói estes resultados, em melhoria contínua, colocando-nos num patamar de excelência, seja pelos dados descritos seja por outros indicadores, nomeadamente de procura e satisfação. É um grupo muito sólido, competente, dedicado e muito disponível; diariamente construímos o sucesso dos nossos alunos. A todos, publicamente, presto homenagem e pessoal gratidão.
O Colégio de São Teotónio, como escola Católica, sob o olhar presente e atento do nosso bispo, persegue um ideário que não se reduz aos resultados de exame, embora nunca os descuremos. É curioso registar que, em regra, os alunos com melhor prestação são aqueles que fizeram todo o seu percurso no Colégio. Mas seria demasiado pouco.
Educar, formar é tarefa bem mais exigente; e educar de forma cristã, num mundo como o nosso, mais ainda. O plano de actividades, instrumento importante na vida de uma escola, integra muitas iniciativas de âmbito cristão e eclesial, como as muitas celebrações e a catequese, com mais de 340 crianças nos 10 anos de catequese. É uma grande paróquia, como gosto de dizer, brincando.
Este ano, o Colégio conta com cerca de 800 alunos, entre a Creche e o Ensino Secundário, lidando, diariamente, com outras tantas famílias.
É um enorme desafio, como testemunho cristão, como presença da Igreja na sociedade contemporânea, concretamente, no sector do ensino e da educação.
Estou claramente convencido de que há uma estratégia bem definida para retirar a Igreja deste circuito, seja por influência de grupos de determinadas matrizes ideológicas avessas à acção da Igreja, tolerada apenas, seja por compreensões deficientes do ser Igreja e da sua missão, no seu próprio seio. Não queiramos actuar só junto da terceira idade, ainda que seja profundamente cristão; mas também não abdiquemos de uma presença real nas escolas do Estado e de ter escolas alternativas; não desistamos dos vários grupos profissionais e do mundo do trabalho; não abandonemos as famílias. Os tempos que se aproximam são exigentes; só uma estratégia inteligente e actual permitirá que o sal não se torne insípido; e o maior risco não é ele perder o sabor, é ele não estar onde é útil e eficaz, insistindo em receitas esgotadas. Quando a Igreja deixar de estar presente nas escolas ou de ter escolas de qualidade, capazes de educar a partir da matriz do Evangelho, terá perdido uma parte do seu vigor. Mas o tempo não é de desânimo, é de esperança!